quarta-feira, 17 de abril de 2013

Da Janela



Olho assombrada a noite fechada na janela, esqueço-me das aflições e dos sonhos por momentos. 
Quedo-me, febril e tecida de névoas. A complexidade humana desvia-me a recolher-me e sentada olho, esta noite enigmática. A minha alma grita neste quarto silencioso, desfiam-se simulacros de conversas com ela, mas fecho os olhos. Oiço e deixo-me cair num rol de inquietações. Tento vislumbrar-me na infância, na eterna e dourada infância, suspiro, o tempo alcança-me e engole-me. 
A luz ilumina os olhos mortiços, ela fala de paixão, compara e faz oposições com quem joga cartas, sinto que ela por ser feita de vidro vai cair qualquer instante. A dor persegue-me. 
Ela senta-se. Ficamos caladas lado a lado na eminência que alguém desperte, mas presas no torpor somos envolvidas. Não sei jogar cartas, o jogo deprime-me, pois envolve concentração focada e o meu espírito revolta-se, a minha mente foge, foge para onde existe a liberdade e de alicerçes, opiniões e influências. Ela fica olhar-me fixamente e ignora-me. Aconteceu despreendi-me. Ela deixa-se ficar para trás, a rapariga de vidro. Apenas deixo-me sucumbir pelos sussuros dele, o seu toque adormece a minha inquietude. E a resposta que anseio está em mim que me deixo envolver nos seus braços.

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