quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Fragmentos




Ele grita e esperneia, quando devia ser eu a dar voz a tudo que me aflige e me deixa em desassossego.
No fundo estamos mortos, mas somos mortos entretidos que habitam neste mundo. Um mundo impessoal e consumido por almas deprimidas. 
Lá fora o sol queima e jaz no ar um cheiro enegrecido e queimado. Somos nós, seres desviantes que facilmente se deixam morrer fixando o chão. Luzes decadentes surgem nos olhos, corpos e corpos, reunidos. 
Hoje sinto-me distante, dedicada a mim mesma e aos meus pensamentos. Este simulacro de texto deixa-me abismada, salientam-se como trechos dos meus pensamentos, abstenho-me em deixar deslizar aquilo que ostento de mais intimo. Há dias assim, por mais brilhantes e prometedores não me deixo seduzir. 
Sinto-me de tal forma presa mentalmente, que vivo em suspensão. Há demasiados preconceitos, forma-se sucessivamente gerações de escárnio que prendem-me em impressões. Estas surgem como grilhoes que me prendem. Os seus comportamentos monótonos aborrecem-me, mas já está de tal forma entranhado que imito esse formato. Não há saída para vidas tecidas na intriga. A ecceidade que me conduz é desconhecida, mas a curiosidade que me atrai interessa-me e fico analisar o outro como se fosse um objecto e moldo cada manifestação como se fosse uma peça num imenso puzzle. No final, descrevo-as mentalmente, no intuito de findar a minha indagação, mas apenas aumenta a minha inquietação.



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